Ricardo V. Malafaia 04/mar/2018
A transformação da sociedade nos últimos cem anos confunde-se com a evolução do protagonismo feminino. Imaginar que, no Brasil, há praticamente oito décadas apenas, a mulher conseguiu o direito do voto é surpreendente. E, mesmo assim, essa prerrogativa foi inicialmente dada somente às mulheres casadas com autorização do marido, e às viúvas ou solteiras com renda própria. Difícil acreditar em profunda mudança em tão pouco tempo!
Apesar das significativas e justas conquistas femininas, muitas outras precisam ainda ser alcançadas. A taxa de feminicídio no Brasil, por exemplo, é a quinta maior do mundo. Engana-se, porém, quem acredita que esses assassinatos acontecem apenas nas regiões mais pobres. Na verdade, são cometidos em todas as classes sociais e em todos os cantos do país. E a recente tipificação deste crime será fundamental para trazer maior visibilidade e ajudar a coibir tamanha covardia.
A luta pelos direitos da mulher ganhou recentemente uma inesperada coadjuvação. Os escândalos por assédio sexual na indústria cinematográfica americana compõem uma importante mudança de rumo sobre o assunto. Diversos diretores de Hollywood já veem as denúncias, muitas das quais expostas por consagradas atrizes, como um início de reforma na cultura do entretenimento. E, historicamente, sabemos o que acontece lá tem um forte impacto em todo o mundo devido ao seu imenso alcance.
Há muitas outras bandeiras levantadas pelo empoderamento feminino. A luta por equiparação salarial, a conquista de espaço nos assentos de diretorias de empresas privadas, a busca pela maior representatividade nos poderes legislativos e executivos, e a necessidade de se por um fim ao preconceito do dia a dia contra a mulher são pautas mais do que justas. E inadiáveis. Afinal, vivemos tempos de mudança. E a justiça, seja ela qual for, é ingrediente que não pode faltar no caldeirão das transformações, para que estas se deem na direção correta.
O fortalecimento da mulher brasileira passa pela conscientização de toda a sociedade a respeito do seu novo espaço. Um espaço pautado pela igualdade de direitos. Esse empoderamento, contudo, só terá êxito se transpassar os escudos machistas e arcaicos, ainda existentes, nos campos sociais, políticos e econômicos.
O futuro de uma sociedade tão complexa como a nossa atual não pode prescindir das virtudes femininas. O equilíbrio e a qualidade dos debates públicos, por exemplo, não podem passar ao largo da sensibilidade e da inteligência da mulher. A necessidade da ampliação de sua participação, portanto, é fundamental na busca pela redução da violência e da desigualdade social.
É importante, entretanto, cuidar de alguns aspectos. As transformações de uma sociedade devem ser minimamente pensadas. Desejamos um mundo melhor para todos. Nos dias de hoje. E nos de amanhã. Precisamos ter um olho no presente e outro no futuro.
Num determinado ecossistema, qualquer pequena alteração pode causar um grande impacto no seu equilíbrio. Possivelmente, de maneira imperceptível no presente. Mas, de forma determinante no futuro. Outrossim, todas as mudanças que acontecem hoje na sociedade podem acarretar situações imprevisíveis amanhã. E, exatamente por isso, quaisquer alterações na sociedade atual devem ser bem avaliadas.
O novo momento da mulher na sociedade precisa vir de mãos dadas com o equilíbrio e com a sabedoria. Há pautas e pautas. Misturados às bandeiras legítimas, há aquelas que se afastam completamente do bom senso. O movimento originalmente ucraniano Femen, por exemplo, usa a intolerância e a nudez para chocar e chamar a atenção da mídia, defendendo, segundo ex-ativistas, pautas como uso de drogas, fim da monogamia e combate à religião. O que de construtivo tais defesas trariam para o futuro da humanidade?
Desde sempre, a mulher tem sido o esteio emocional da família. É um papel insubstituível. Suas habilidades e instintos não podem ser delegados. De fato, a natureza lhe privilegiou neste aspecto, além de tantos outros. Sua sensibilidade e ternura são vitais, trazendo conforto e segurança emocional aos futuros adultos, para que estes se tornem sadios e plenos.
Há, nos dias de hoje, milhões de grandes mulheres, de todas as classes sociais, que fazem a diferença na sociedade, exercendo com brilhantismo as tarefas de mãe e profissional. Verdadeiramente, aquelas que escolhem ter filhos devem, de fato, assim como os pais, estar à altura desta responsabilidade.
A humanidade não sabe ao certo para onde caminha. Mas, se o seu destino reserva dias melhores, certamente homens e mulheres precisarão falar a mesma linguagem. Uma relação de confiança e cumplicidade não poderá abrir mão de mulheres fortes. Fortes, porém cheias de ternura. Que seu empoderamento nunca prescinda de sua feminilidade e sensibilidade. Para o mundo não perder a sua maior beleza!
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A mulher merece todas as homenagens. Obrigado, Geórgia,
Lindo texto. Bela homenagem na semana da mulher!
Sim Graça. A valorização e o respeito pela mulher são fundamentais para um futuro mais sadio.
Obrigado Rose.
Parabéns, Ricardo!
Mais um excelente texto!
Muito bem colocado, justamente na semana do Dia Internacional da Mulher.
Nota-se que você entende da sensibilidade e da alma feminina…
Graça
Muito bom!!