Ricardo V. Malafaia 11/mar/2018
Vivemos em tempos muito diferentes daqueles vividos por outras gerações. O mundo ficou pequeno e a velocidade com que as informações viajam ficou enorme. Os ismos da época das máquinas datilográficas e dos gramofones não mais se encaixam no mundo dos carros autônomos e dos smartphones. Querer impor à sociedade remédios vencidos é recusar-se a aceitar que os tempos são outros.
Nossa política está recheada de partidos que, de forma caquética, ainda se posicionam mais à esquerda ou mais à direita. Tendo o socialismo e o neoliberalismo, respectivamente, como referências, Esquerda e Direita digladiam-se sem se darem conta de que ambas não atendem às verdadeiras necessidades de uma sociedade em construção.
Na verdade, jamais atenderam às reais carências de quaisquer sociedades. Nestes últimos 100 anos, alguém é capaz de apontar alguma nação que floresceu, e ainda se mantém em sua plenitude, imersa num regime socialista ou neoliberalista? De fato, não há, nunca houve e jamais haverá!
Todas as sociedades que saíram da fome e se tornaram grandes economias, levando justiça social a todos os cidadãos, floresceram através de Democracias plenas, com imprensa totalmente livre e com Estados mínimos, mas conscientemente reguladores.
Em 1989, com a queda do muro de Berlim, o mundo definitivamente entendeu que o socialismo não tinha dado certo. Quer dizer, o mundo desenvolvido, pois a América do Sul e Central, possivelmente, mataram essa aula. Assim, estes últimos, desavisados e mal informados, decidiram, nas décadas seguintes, jogar-se em aventuras recheadas de missões cheguevarianas, bolivarianas e petistas. Como quem planta, colhe, deu no que deu!
Migrando para a nossa realidade doméstica, se, na próxima eleição presidencial, formos para o 2º turno com um representante da Esquerda contra outro da Direita, seremos obrigados a optar entre o atraso e a ilusão. Diante da possibilidade de assustadora armadilha, melhor evitá-la a qualquer custo.
Falando claro, parte da Esquerda não tem tido compromisso com a verdade. Diz ser “progressista”, mas apresenta um discurso batido. Em segundo lugar, não mostra raízes nacionais, não se identificando com o verde e o amarelo. Achar as cores de nossa bandeira em alguma imagem de suas passeatas ou de seus comícios, no meio de um mar repleto de bandeiras vermelhas, é como brincar de “onde está Wally”. Vai levar tempo!
Essa parte da Esquerda não tem demonstrado princípios, ao claramente visar, apenas, a um único fim: tomar o poder a qualquer custo. Missão cumprida, aparelha o Estado. Ato contínuo, favorece os seus líderes, ideologiza os jovens nas escolas e nas faculdades públicas, e, passo a passo, limita a imprensa. Sem o mínimo pudor, compra tudo e todos. Qualquer movimento na direção da perpetuação é válido em nome da causa. Eternizar-se no poder é o alvo, como fez Fidel Castro. Como tentaram Hugo Chaves e Lula. Como tentam Nicolás Maduro e Evo Morales. Sempre no poder, haja o que houver. Naturalmente, pensando nos “pobres”, claro!
E, para fixar residência eterna no poder precisa-se de dinheiro. Certo? De muito dinheiro! Eis, então, que aparece a solução: o Petrolão! Só não previram, contudo, um despercebido detalhe: o trabalho de um pequeno grupo de investigadores que mais tarde seria conhecido como Lava Jato.
Verdadeiramente, durante toda a República, jamais conhecemos outro esforço da sociedade para tentar romper a usurpação do dinheiro público em favor dos muito ricos. A Lava Jato vem, de forma concreta, resgatando um sentimento das pessoas de bem que parecia perdido para sempre. Implacavelmente, um disparo certeiro na eterna impunidade dos poderosos. E um tiro de morte no “os fins justificam os meios” da Esquerda caviar.
Na outra ponta, valendo-se dos difusos momentos, a Direita aparece como salvadora da pátria, montada em seu cavalo branco. Falando grosso, empunha as armas da intolerância e do radicalismo reverso. Uma imagem sedutora como miragem no deserto. Para quem tem vivido acuado pela corrupção e violência, seu discurso soa como música em seus ouvidos.
Contudo, o que parece música poderá ser o canto das sereias de Ulisses. Se levantarmos os olhos para a parte de cima do mapa-múndi, enxergaremos o crescimento de grupos pautados pela xenofobia e intolerância racial. Pelo nacionalismo arcaico, pela sobretaxação de importados e pelo retorno à estatização.
E, por outro lado, para aqueles que defendem o neoliberalismo como solução para todos os problemas, não podemos perder de vista a profundidade de nossa desigualdade social. Ou alguém acha que apenas a lei da oferta e procura a reduzirá? Nem em mil anos, pois dinheiro chama dinheiro. E pobreza chama pobreza!
O Brasil sempre foi o país do futuro. E, após muitas décadas, continua sendo. Mas sua história não é sina. É apenas História. E, também, lição para não repetirmos os mesmos erros. O momento é de descoberta. Descoberta de novos caminhos, que poderão nos levar a novos destinos.
Ninguém discute os potenciais de nosso país. A hora é de jogarmos no lixo a Esquerda e a Direita, e buscarmos a nossa própria ideologia. Uma que reúna um Estado mínimo, transparente e sem privilégios. Que, de fato, funcione. Que seja próspero e seguro. Que seja inclusivo e acolhedor. E que traga um ensino de excelente qualidade a todos. Se assim for, o resto, o brasileiro honesto e trabalhador fará. Não tenham dúvida!
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- Uma sociedade em busca não conhece muros!
Obrigado Beth.
Guilherme, quanto mais distante estivermos das velhas ideologias, mais perto estaremos de uma solução moderna e próspera.
Parabéns Ricardo!
Muito bem escrito!
Segundo a ÉTICA ARISTOTÉLICA, a virtude está no meio. Os extremos ou o exagero é motivador para a criação de conflitos.
Que consigamos nos manter no centro!!!