Para emparedar uma Nação, a fórmula perfeita!

Ricardo V. Malafaia     25/mar/2018

Gilmar

Dizem que a elite de uma nação é o reflexo de seu povo. Será? Reflexo significa imagem refletida. Mas se um Governo precisa ser composto por um número significativamente menor do que o restante da sociedade, esta reprodução deve ser fielmente reduzida, para que aquela imagem não sofra distorção indevida. Contudo, por aqui, a boa representatividade nunca deu as caras. E a Democracia nossa, menos do que uma caricatura, apresenta-se através de uns poucos grosseiros traços!

Não se pode confundir origem com representatividade. Naturalmente, a elite que nos tem governado origina-se da própria sociedade. No entanto, quando, impotentes, assistimos nossos “representantes” legislarem, governarem e julgarem em causas próprias, percebemos o quanto não estamos devidamente representados. O quanto a nação está sendo legalmente imobilizada.

O que tem sido oferecido ao povo? Entra governo, sai governo, são entregues uma péssima educação, uma gigantesca violência, um inepto sistema de saúde e um vicioso organograma que produz impunidade apenas para aqueles que circulam o poder. Mas, de fato, não poderia ser diferente! Nossa tosca República acaba funcionando como um grande aparelho digestivo, que quebra o alimento, a sociedade, transformando a parte boa em energia, e a parte ruim em excremento. A parte boa é a energia deste povo, que através de seu honesto trabalho consegue ainda manter este país de pé. Já, aqueles que nos governam e que deveriam nos representar podem ser comparados com… Bom, vocês entenderam!

Verdadeiramente, nosso torto regime democrático apresenta-nos, de quatro em quatro anos, um punhado de péssimas opções de voto, obrigando-nos, compulsoriamente, a escolher os menos ruins. Não é verdade? Assim, os Poderes Executivos e Legislativos vão sendo preenchidos niveladamente por baixo.

Restava-nos, ainda, doce ilusão, o Poder Judiciário. Afinal, o Supremo, como sua instância maior, seria, em último caso, o nosso porto seguro, agindo como anjo de guarda da Constituição, e defendendo-a dos constantes ataques dos poderosos. Entretanto, surpreendentemente, a maioria destes nobres Ministros e Ministras, ignorando o que acontece em 95% dos países, preferiu virar as costas para a nação, preparando o bote capaz de reverter a prisão após a condenação em 2ª instância. E, como diz o ditado, em porteira que passa um boi, passa uma boiada.

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A partir de agora, aquilo que não estava tão claro encontra-se dramaticamente escancarado. Há um Muro da Vergonha separando a elite que nos governa, que legisla e que julga, do restante da nação. Como o de Berlim ou o da Cisjordânia, a sua intenção é segregar.  Abstrato em sua percepção, mas concreto em suas consequências, este muro faz direitos e deveres serem distribuídos em diferentes proporções. A eles, todos os privilégios, além da permissão para cometer crimes impunemente. Ao restante da sociedade, pão e circo!

Diariamente assistimos, pela mídia, aos riquíssimos advogados defendendo os seus poderosos clientes. Resultado? Com o poder financeiro para recorrer em todas as instâncias, por um lado, e a certeza de responder em liberdade até o crime prescrever, por outro, seus clientes devem receber do STF, mais do que um salvo-conduto, um incentivo para continuarem a roubar. A partir de agora, tudo sarcasticamente amparado pelos digníssimos Ministros da lei.

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Mas, como se mantém, durante um longo tempo, tantas dezenas de milhões de pessoas conformadas com a desigualdade social e com a manutenção dos privilégios de seus “representantes”?  Nos últimos trinta anos, a fórmula usada para sujeitar a nação ao cabresto tem sido a mesma. Para a parcela com pouca instrução, oferece-se uma educação “furada”, perpetuando a sua respectiva condição, junto com um discurso populista. E para a parcela mais esclarecida, um truque tão antigo quanto a própria História: “dividir para conquistar”. Essa é a fórmula perfeita!

Percebem? Quando se oferece aos pouco instruídos a combinação educação ruim x populismo, recorre-se à infalível receita utilizada, inclusive, em períodos de ditadura. Não à toa a Arena, partido que apoiava o regime militar na década de 70, tinha no Nordeste o seu principal curral eleitoral.  Já em relação à parcela com maior conhecimento, são usadas duas estratégias. Nas ditaduras, a censura. Nas Democracias, a divisão!

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Ficou claro? Hoje, estamos sendo divididos em defensores da Esquerda e da Direita. Estratégia antiga, “Dividir para Conquistar” foi pontuada por Maquiavel em “O Príncipe” e explicada por César, em seu livro “De Bello Gallico”, ao manter a Gália sob seu controle. Pobre Brasil!

A nossa principal divisão hoje não pode mais relacionar-se a uma mera luta de classes, como querem ainda nos fazer crer. O Brasil não é mais um país de 3º mundo. Verdadeiramente, através de seu imenso potencial, alterando uma Constituição em busca de um equilíbrio entre direitos e deveres, com uma cidadania mais participativa, e buscando uma unidade nacional atualmente comprometida pela polarização entre Esquerda e Direita, o nosso país pode rapidamente virar a página, melhor equacionando a sua distribuição de renda e elevando o seu IDH.

Hoje a Nação está emparedada pelo uso de uma fórmula que permite que poucos façam o possível e o impossível para se perpetuarem no poder. Contudo, se a sociedade, manipulada e dividida, decidir romper com o seu papel de boba, e buscar uma união à margem de ideologias, pode mudar o jogo a seu favor. E é bom que fique claro. O combate a ser realizado precisa ocorrer entre os que não querem largar o osso e o restante da sociedade que procura por sua alforria. Essa, de fato e de direito, é a verdadeira luta a ser travada!

 

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4 comentários

  1. Exatamente Luiggi. Isso é o que acontece quando Ministros do STF decidem pautar-se por ligações partidárias ou amizades. Cabe à sociedade restabelecer as coisas. Inimigos do bem comum precisam ser acuados, sejam eles togados ou não!

  2. Quando a política entra nos tribunais, a justiça sai pela janela….

  3. Sim Francisco. Precisamos encontrar um meio legal. Mas a pressão contínua e crescente por parte da sociedade é o combustível mais eficaz para colocar um freio no amoral STF.

  4. Excelente texto! Reconfortante saber que tem pessoas conscientes disto! Algo tem que ser feito! Deve existir um meio legal de mudarmos a forma dessa Imoralidade deste STF ser escolhido! Essa excrescencia tem que ser Limpa!!

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