Ricardo V. Malafaia 13/agosto/2018
A armadilha eleitoral na qual nos encontramos às vésperas de escolhermos o Presidente que governará o Brasil não pode ser surpresa para ninguém. Dificilmente outro país com economia desenvolvida tem um nível de política tão baixo como o nosso. Então, vamos combinar: a opção não será pelo melhor, mas pelo que menos assustar! Para futuro Presidente, infelizmente, é o que temos!
Nos dois grupos de candidatos, dos com e sem possibilidades, há para todos os (maus) gostos. Neste último, vamos do invasor de propriedade alheia e embromador Guilherme Boulos; passando pela defensora do jurássico comunismo Manuela D´Ávila que, de tão submissa ao lulismo, começou como candidata e virou vice; até o bom de trair Henrique Meireles, cujo esforço para sorrir é tão patético quanto às suas chances de receber apoio de seu partido-quadrilha.
No grupo daqueles com reais chances de subir a rampa do Planalto, o que temos é desanimador. Não à toa, recente pesquisa do Ibope apontou para um percentual de 45% que se disseram pessimistas ou muito pessimistas com o naipe de candidatos para presidente. E o que é mais dramático, 61% afirmaram ter pouco interesse na eleição de outubro. A que ponto chegamos!
Dos 5 candidatos de fato, Geraldo Alckmin é sem dúvida o mais insosso. Apesar de sua experiência administrativa, seu nome foi citado em diversas delações premiadas de executivos da Odebrecht. Além das suspeitas que pesam sobre ele, e após o colapso de Aécio Neves, tornou-se o principal nome de um partido que jamais conseguiu, quando esteve no poder, falar a mesma linguagem da população. Votar em Alckmin é cercear a Lava Jato. E manter as oligarquias dando as cartas como sempre fizeram.
Ciro Gomes, com o seu incontrolável temperamento, apesar de sua experiência política, não entendeu as regras do jogo praticadas por seus “aliados”. Às portas da Eleição, depois de levar uma previsível rasteira de Lula (que, segundo o próprio, não é mais uma pessoa, mas uma ideia. Uma espécie de divindade onipotente, onipresente e onisciente), patina entre o continuísmo socialista e a independência do “sem rabo preso”. Pelo sim e pelo não, foi abandonado à sua própria sorte pela sua turma. E parece já acusar o golpe. Menos mal. Menos um para tentar colocar a Lava Jato dentro da caixinha.
Adepta do uso de um dialeto de difícil compreensão, o marinês, a candidata de toda a eleição tem procurado manter uma postura política independente. Fiel aos seus princípios, Marina é vista por muitos dos que não se identificam com os radicalismos ideológicos como uma boa opção de voto. Contudo os seus recorrentes não posicionamentos sobre relevantes questões geram alguma insegurança. De fato, o seu grande desafio é mostrar que a sua história pode traduzir-se em liderança nacional. Mais do que intenção de ser presidente, Marina precisa mostrar o peso de sua determinação.
Fã declarado de Trump, o ex-capitão do Exército faz admiradores e inimigos cada vez que abre a boca. Pode-se dizer tudo de Jair Bolsonaro, mas um defeito ele não carrega: medo de externar o que pensa. A sua transparência, a defesa da família, o combate à doutrina marxista e o apoio à Lava Jato têm sido determinantes para colocá-lo na liderança da corrida presidencial. Entretanto o seu despreparo administrativo e alguns posicionamentos inconsequentes, radicais e muitas vezes ofensivos assustam o eleitor indeciso. A cena dele fazendo uma arma com a mão de uma criança fala por si. Verdadeiramente a solução real de problemas é muito mais do que estereótipos.
Apesar da papagaiada do PT, o presidiário Lula não será candidato. A egoísta estratégia de esticar ao máximo a inevitável decisão para substituí-lo por um poste político, no entanto, é faca de dois gumes. Se perder a mão deste processo, poderá ser responsável pela não participação da Esquerda no pleito do 2º turno. O que seria ótimo, observando a saudável alternância de poder! E convenhamos, treze anos de desfalques já foram mais do que suficientes.
Haddad, longe de ser o poste ideal na visão do partido, deverá assumir o papel de candidato de direito e não de fato. Curioso é que tanto ele quanto a sua virtual vice Manuela não se constrangem de fazer o papel de prepostos. Na eventualidade trágica de uma vitória desta chapa, a Lava Jato seria lavada da vida nacional no primeiro minuto. No segundo, a roupa suja estaria novamente estendida no varal palaciano.
Para a conhecida metáfora da luz no fim do túnel não ser uma saída e sim um trem vindo em sentido contrário, encontramo-nos numa situação que se assemelha com algo diferente. A luz que vemos, às vésperas da Eleição, parece-se sim com uma saída. Contudo não sabemos se, após o túnel, uma estrada pavimentada ou um precipício estará à nossa espera.
Como não temos o poder da adivinhação, recorramos à sabedoria, à observação e a uma boa dose de coragem para encontrar uma saída que harmonize uma profunda mudança com responsabilidade econômica, humana e social. Falando mais claro, quem assustar menos leva!
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A busca pela “Ordem”, Kleber, é o básico de qualquer processo de recuperação social e econômica. E a redução de privilégios e o aumento da transparência são vitais para a sua eficácia.
Paulo, enquanto houver revolta e indignação há esperança!
Sim Luiz. Uma escolha regada com reflexão e juízo!
Em minha opinião as coisas não assustam mais, e sim apavoram nossa sociedade. Entretanto, o precipício está diante dos nossos olhos, e é preciso sim mudar totalmente o rumo de nosso país, para que possamos quem sabe um dia, termos um projeto de Nação, e isso só poderá vir primeiramente com um choque de “Ordem “. Parabéns.
Triste cenário. A esperança se esvai a cada dia!!
Excelente reflexão sobre o momemto que vivemos!
Temos de escolher o menos pior…