E a maioria silenciosa impõe-se!

Ricardo V. Malafaia     23/outubro/2018

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Se os gregos criaram a Democracia há mais de 2.000 anos, os países desenvolvidos estão fazendo um bom uso dela há muito tempo. Entretanto, por estas terras, a boa e velha senhora de Atenas deve dar ares de sua graça somente agora, neste final de 2018. Pela primeira vez neste maltratado país do futuro, a maioria silenciosa da população consegue conversar entre si. Refletir e amadurecer. E finalmente decidir impor-se. Abençoadas sejam as mídias sociais! Enfim o poder emana do povo. Seja bem-vinda, Sra. Democracia!

Mas como assim? Muitos não têm dito que o regime democrático corre risco com a eleição de Bolsonaro? Não. De fato não corre. Apesar de muitas bobagens e bravatas ditas durante anos, e até hoje, quem está tomando o poder não é o capitão, ou seus filhos, ou seu vice, mas uma gigantesca massa de gente que ficou acuada durante muito tempo por uma inescrupulosa e criminosa esquerda, camuflada de centro-esquerda.

Na verdade, a grande e real ameaça à Democracia seria a grotesca e repugnante volta do PT ao poder. Ora, se o povo insanamente os reconduzisse ao Planalto, apesar de todos os seus crimes de lesa-pátria praticados junto com outros partidos, ganhariam o salvo-conduto político para impor todas as medidas autoritárias que antes não tiveram a coragem de tomar.

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Cercear a imprensa, intensificar a ideologização dos estudantes, aparelhar os quadros das Forças Armadas e nomear mais companheiros para monopolizar o STF naturalmente seriam as bolas da vez. E um pouco mais adiante, uma reforma constitucional para Andrade nenhum botar defeito. Diferentemente de bravatas e declarações estapafúrdias, tais ações levar-nos-iam concretamente a um venezuelismo sem volta.

Não se pode perder de vista as relações entre causas e efeitos. Quando um inconsequente fala em fechar o STF, é obrigado a desculpar-se em seguida, pois a reação contrária, vinda desta massa de gente ávida por um país melhor, é rápida e contundente. Mesmo vivendo numa meia Democracia, seu efeito autorregulador é eficaz. E neste contexto, bravatas e idiotices ditas não passarão disto mesmo. De bravatas e idiotices.

Contudo, quando um partido como o PT apresenta, há quase duas décadas, uma obstinação patológica para tomar o poder, e dele não mais sair, estamos diante da verdadeira e maior ameaça à Democracia. Que história é essa? Como um partido, seja ele qual for, pode achar que o destino de um país pertence a ele próprio? E que pode fazer o diabo para se manter ou retornar? Onde nós estamos? O Brasil não é quintal de ninguém. E se já foi, não mais será!

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Para quem ainda duvida desta patologia petista, apenas observem como será o comportamento do partido ao longo do governo de Bolsonaro. Mais do que defender seus pontos de vista, procurarão destruir tudo que não os favorecer. Perseguirão obstinadamente uma terra arrasada. Dane-se o Brasil, pois o país nunca foi um fim em si mesmo, mas apenas um meio! Agirão como aquele ex-marido que, abandonado pela companheira, não aceita a separação. Prefere matá-la a vê-la com outro. Ou pelo menos inutilizá-la, até que volte a ser apenas sua. O que restar dela. E assim o PT atuará. A conferir!

Bem faz Bolsonaro em propor o fim da reeleição, já a partir de agora.  Que ele saiba, todavia, que nenhum cheque em branco será a ele repassado. E que se fizer um mau governo, ou ousar afastar-se de uma vírgula do Estado Democrático de Direito, ou não coibir enfaticamente intolerâncias contra quem quer que seja, será posto na rua como outro qualquer. Mito? Não, o capitão não é um mito. É um deputado do baixo clero, mas que se posicionou no lugar certo e na hora certa. Verdadeiramente, mito era o ingênuo conceito de que vivíamos numa Democracia de fato.

Como poderia haver plenitude democrática se a maioria da população não se fazia representar como desejava? Gostem ou não, o brasileiro, no geral, é conservador nos costumes. E almeja uma liberdade econômica que o libere das amarras do Estado. Deste, espera apenas que preste serviços de qualidade. Fora isso, que não atrapalhe, que custe menos, muito menos, e que não o roube.

turno 7

Este brasileiro, que sempre foi maioria, ajudou a eleger Lula em 2002. Ajudou, pois desejava, como ainda deseja, um país justo. E honesto. Passados dezesseis anos, em virtude dos inúmeros crimes cometidos pelo partido, tornou-se anti PT convicto. Escaldado e cansado dos políticos tradicionais, resolve então promover a maior limpeza que o Congresso já assistiu.

E melhor do que isso. Percebe que, pela primeira vez, detém efetivamente o poder. Não mais aceitará que terceiros falem por ele. Estará em busca do novo, ou do diferente. Preferirá o risco do futuro à resignação do passado. E, se o eleito derrapar, dispor-se-á sem cerimônia a trocá-lo. E assim fará até acertar. A política nunca mais será a mesma, pois o eleitor já não é mais o mesmo. Ele mudou? Não, ele evoluiu. Seja bem-vinda, Sra. Democracia!

 

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3 comentários

  1. Muito bom texto. A mesma esperança que os eleitores tiveram ao eleger um governo do PT há 16 anos atrás, e que nos fez sentir a decepção da traição, volta agora, mas com a diferença de que mudamos, evoluímos e estaremos atentos com as atitudes dos novos governantes. Parabéns Ricardo.

  2. A Democracia é a Mãe da razão em um Estado Democrático de Direito. Sejamos fiéis à ela e aos seus símbolos e roguemos a Deus para protegê-la de todo e qualquer intempérie. Parabéns Ricardo.

  3. Gostei do texto, transparente como a água. Enfim a voz do povo de mudança, cansado das robalheiras e interesses pessoais de poder e dinheiro. Vamos dar a chance a um dos poucos políticos que não desviou recursos do Estado. Queremos renovação na política, sem aparelhar os diversos níveis do governo com interesses partidários, mas sim com conhecimento técnico, a pessoa mais capacitada para cada função.
    O lider das pesquisas não será o salvador da pátria. Longe de ser o presidente ideal que queremos, mas representa a mudança do que vivemos no país nos últimos anos e já sabemos que não deu certo. Por que então não tentar o novo? Aos que são contra a mudança, ao invés de apenas criticarem e quererem derrubar um governo que ainda nem começou, pensem no país e deêm uma chance. A mesma que demos ao PT faz 16 anos. Renasce uma esperança de dias melhores!

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