A opinião pública virou rolo compressor

Ricardo V. Malafaia     03/fevereiro/2019

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Neste final de semana, assistimos ao fim do império de uma das maiores quadrilhas que já assaltou o país em qualquer tempo. Mas o ocaso da hegemonia de Renan e sua choldra não foi um fato isolado. A ele, ligam-se uma série de outros acontecimentos, como o impeachment, a substituição da Esquerda pela Direita no comando do país e a maior renovação do Poder Legislativo de sua história. E por trás destas mudanças está a tecnológica opinião pública do século XXI. Mas podem chamar de rolo compressor!

Democracia é o regime político através do qual a soberania é exercida pelo povo. A partir deste conceito, percebemos que apenas votar em nossos próprios representantes não fazia do Brasil um país democrático. O que adianta escolhê-los e depois perder todo o controle sobre os seus atos? Vivíamos como os franceses antes da queda da Bastilha. Com a diferença que, como bobos, endossávamos, de quatro em quatro anos, os eleitos da Corte.

Mas em 2013, esse círculo vicioso começou a mudar. Na chama da conscientização de que os impostos pagos não chegavam à estrutura dos serviços prestados pelos governos, o caldo temperado, nos anos seguintes, com as mídias sociais, com as investigações da Lava Jato e com a revolta da população contra todos os escândalos de corrupção deu liga. As imensas passeatas que culminaram com a derrubada do PT mostraram que as mudanças não parariam por aí.

Graças à compra de parte do antigo Congresso, Temer conseguiu sustentar-se. E devido à proteção da banda podre do STF, Aécio e outros protegidos por foro ainda estão seguros das garras da 1ª instância. Temer já foi. Sem foro, difícil escapar do substituto do Moro. Pela mesma instância, Dirceu deverá retornar. E Lula provavelmente verá novas penas aportarem em sua declinante biografia.

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O último bastião da velha política é justamente a casa que deveria garantir a própria lei. Contudo esta Corte Superior, comprada pela defesa de privilégios de poucos, mas vendendo a falsa ideia de garantismo, tornou-se órfã de um Senado que não mais existe. A partir de agora, qualquer supremo togado poderá ser condenado por crime de responsabilidade. A cobertura de seu telhado foi substituída por outra de vidro.

Essa nova opinião pública vem bem armada. Com as mídias sociais no coldre e a impaciência nos olhos, ela vem disposta a fuzilar a velha política. E os inimigos que outrora pareciam intocáveis têm caído um a um. Como eficiente justiceira, já descobriu o ponto fraco, comum a todos eles. Nada mais eficaz do que escancarar para todo o país como cada político espirra e soluça.

Na eleição para presidente do Senado, a turma que não queria largar o osso tentou de tudo. Buscou impor uma inédita votação através de urna eletrônica. Roubou de forma patética a pasta de documentos da mesa. Distribuiu uma informação escrita anônima e ameaçadora. Solicitou na calada da noite a ajuda de Tófoli, ex-petista, para que um Poder, ambos independentes, enquadrasse o outro. E, por fim, inseriu dolosamente uma cédula a mais para melar a votação. Muitas baixarias e nenhuma dignidade!

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Mas de nada adiantaram estas artimanhas. O país inteiro acompanhava tudo, ao vivo. O pleito que culminou com o placar de 50 a 2 pelo voto aberto foi soterrado. E a alternativa a essa infâmia foi a convocação para que todos expusessem seus votos. Deu certo. E o Brasil sorriu!

Numa verdadeira Democracia, para a soberania ser exercida pelo povo, a transparência deve ser parte fundamental do processo. Quando representantes votam por terceiros, essas escolhas devem ser feitas às claras. Diferentemente de quando votamos em nossos governantes, pois ali representamos apenas nós mesmos. Felizmente tecnologia anda de mãos dadas com transparência. E como a primeira veio para ficar, a segunda também deverá ser nossa companheira constante.

A renúncia de Renan por sua candidatura à presidência do Senado foi impactante. Mais do que a queda de um político que promove a pior forma de fazer política, e mais do que a derrubada de quem prometia ser um combatente feroz ao Moro e à Lava Jato, é o fim da hegemonia de um partido podre que há décadas era responsável pelo “disfuncionamento” da máquina estatal.

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Muitos se preocupam com o Flávio. Cadê o Queiroz? Ora, qual a importância que eles têm para o futuro do país? Se ficar comprovado, nos próximos meses, que o filho mais velho do presidente cometeu ilicitudes ou crimes, que pague exemplarmente! Mais do que pessoas, a maioria da população elegeu um projeto. E é esse projeto liberal, moralizante e transparente que seguirá adiante. Pessoas ficarão pelo caminho. Mas o país avançará, embalado pelos novos ventos!

A humanidade desenvolveu-se desta forma. As descobertas sempre alavancando novos progressos. A sociedade brasileira compreendeu agora o caminho. Sabe o que quer, tem meios para fazer e, a partir de agora, sabe como proceder. É um caminho sem volta, pois aprendeu a “tratorar”. O rolo compressor da tecnológica opinião pública virou franco favorito diante de qualquer embate, seja ele qual for. Somos todos artesãos de uma nova Democracia!

 

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5 comentários

  1. O artigo não merece outro comentário a não ser de FANTÁSTICO, MARAVILHOSO, ESPETACULAR . Acrescer alguma coisa, vai tisnar esta obra prima.

  2. Excelente o texto.
    Nós juntos podemos
    LUTAR por decência .
    Somos brasileiros e todos temos direito à OPINIÃO. Independemos de ideologia. Somos
    livres para pensar fora da casinha manipuladora da mídia ou da pretensa “intelectualidade”
    Parabéns pelo texto.
    Levando e compartilhando.

  3. Perfeito! Parabéns pelo texto, conseguiu resumir claramente, nossa vitoriosa trajetória, que culminou com a queda do PT do poder.

  4. Perfeita sua posição. Realmente a opinião pública, ao menos da parcela que acessa as redes sociais, faz-se influente. Um processo que se assemelha a uma democracia direta, livre de intermediários e menos sujeito à influência e direcionamento de setores da imprensa formal.

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